Droga K9 pode ter sido importada ao Brasil pelo PCC, diz delegado
Droga K9 pode ter sido importada ao Brasil pelo PCC, diz delegado
20/04/2023 07:15:30
A K9, droga que também é conhecida como "spice", maconha sintética ou até supermaconha, é a grande novidade nas ruas do Centro de São Paulo. O entorpecente, que deixa os usuários em um estado que vem sendo chamado de "estado zumbi", tem assustado a população e é o mais novo desafio da Polícia Civil.
Em entrevista ao R7, o delegado do Denarc (Departamento de Investigação Sobre Narcóticos) Fernando Góes Santiago afirmou que a droga foi trazida para o Brasil justamente pelo PCC com objetivo de popularizar o entorpecente nos presídios.
A maconha sintética é uma substância química criada nos Estados Unidos, na década de 1990. Desde então, ela passou a ser encontrada em diversos países. No Brasil, casos de uso da droga começaram a virar notícia no ano passado.
O entorpecente avança agora nos presídios. “Para entrar no sistema carcerário, [a droga] tem que ter o aval do PCC. Eles, inclusive, têm um setor chamado de 'progresso interno', que é responsável justamente por essa venda de entorpecentes dentro do sistema carcerário”, conta Santiago.
O delegado explicou que a versatilidade das drogas K faz com que elas sejam facilmente contrabandeadas para as cadeias. A droga, em sua forma líquida, pode ser borrifada em um simples pedaço de papel, o que torna até uma carta um possível suporte para o narcótico.
“K4 é uma forma na qual ela se apresenta em micropontos, que se parecem com o ecstasy em folha de papel, e o K2, em forma de tabaco. Em ambos os casos são borrifados com o líquido que contém a substância. Tanto o tabaco quanto o papel são colocados em uma espécie de baseado para imitar o efeito de uma maconha orgânica”, diz Santiago.
O professor da faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (Universidade de São Paulo) Maurício Yonamine afirma que as drogas K não têm uma composição química definida. O entorpecente, por sua vez, age nas mesmas regiões do cérebro que o THC, o princípio ativo da maconha. O especialista chama atenção para o baixo custo do narcótico.
“[A K9] deveria ser mais cara, pois o processo químico para obtenção de uma droga sintética é teoricamente mais complicado do que a disponibilidade de uma droga que vem de uma planta como a maconha. Se usuários estão encontrando essas drogas a um baixo custo, significa que traficantes, de alguma forma, estão conseguindo obtê-las de um modo mais fácil do que pensamos.”