Setor de telecom eleva o tom contra usina de dessalinização na Praia do Futuro
Na primeira versão do projeto, foi constatada, após análise da carta náutica da região, uma sobreposição de cabos com pontos de captação e dispersão de água marítima.
26/09/2023 10:04:30
O vice-presidente de Relações Institucionais da Claro, Fábio Andrade, disse nesta segunda-feira, 25, em Fortaleza, que o projeto de construção de uma usina de dessalinização na Praia do Futuro pode ‘parar a internet’ no Brasil. A declaração polêmica foi dada em evento promovido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pela Telcomp para debater a importância dos cabos submarinos de fibra óptica.
O imbróglio entre empresas de telecom e o consórcio responsável pelo projeto de dessalinização de água do mar se arrasta, pelo menos, desde o ano passado, justamente porque a Praia do Futuro é ponto de chegada de 17 desses cabos submarinos, fazendo da capital cearense o principal hub de conexão digital do Brasil e um dos três maiores do mundo. A SPE Águas de Fortaleza e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) são parceiras na construção da usina.
“Isso aí vai acabar com a internet e se isso ocorrer o Brasil vai parar, o sistema financeiro, o sistema de saúde, etc. Porque em três locais que têm a sobreposição dos cabos com a usina pode haver uma queda na internet e como foi dito (por palestrante que citou o tempo necessário para fazer manutenção em um cabo danificado no Rio de Janeiro), vai ser no mínimo 50 dias para arrumar”, disparou Andrade, ao criticar a terceira versão do projeto da usina de dessalinização.
Na primeira versão do projeto, foi constatada, após análise da carta náutica da região, uma sobreposição de cabos com pontos de captação e dispersão de água marítima. A segunda deslocou esses dois pontos em cerca de 40 metros, mas foi contestada pela Anatel. A versão atual do projeto prevê um afastamento maior, de 500 metros, já no limite entre a Praia do Futuro e o bairro Vicente Pinzon. Contudo, nas três plantas foi mantida a posição da usina propriamente dita, o que está sendo contestado agora pelas empresas do setor de telecomunicações.
Para o presidente da Cagece, Neuri Freitas, o temor de apagão digital é “totalmente descabido” e sem embasamento técnico. “Não tem nem estudos para justificar isso, principalmente, porque nós já estamos no continente há décadas antes deles, com rede de água e esgoto cruzando ali a praia do Futuro. Nós temos rede de drenagem. Para se ter uma ideia, a Marquise (uma das empresas que compõem o consórcio) fez toda pavimentação e drenagem da (Avenida) Dioguinho e os cabos de fibra ótica já estavam lá e não teve nenhum problema”, argumentou.