Ceará registra maior número de queimadas em duas décadas
Nos primeiros 13 dias de novembro, a situação não apresenta melhorias, com 834 focos de incêndio registrados, de acordo com o Inpe.
15/11/2023 09:01:09
O estado do Ceará enfrentou, no mês de outubro, uma situação crítica em relação às queimadas, registrando o maior número de focos em duas décadas, conforme apontam os dados do Mapa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), minuciosamente analisados pelo OPINIÃO CE. Com 1.969 detecções de focos de calor, outubro de 2023 se posiciona como o terceiro pior da série histórica iniciada em 1998, ficando atrás apenas dos registros de outubro de 2001 (2.051 focos) e de 2003 (2.465 focos). O cenário é agravado pela escassez de chuva e pelas altas temperaturas, fatores cruciais para o aumento desses eventos no estado.
Nos primeiros 13 dias de novembro, a situação não apresenta melhorias, com 834 focos de incêndio registrados, de acordo com o Inpe. A última quinta-feira (10) foi particularmente crítica, com 333 casos em um intervalo de 24 horas. O acumulado ao longo de 2023 já atinge a marca de 3.986 focos de incêndio, gerando preocupações, uma vez que historicamente o maior número de casos ocorre no último trimestre do ano.
A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) destaca que outubro foi marcado por 16 picos de temperatura igual ou superior a 40ºC, com praticamente nenhuma precipitação significativa. Regiões como o Litoral de Fortaleza, o Maciço de Baturité e o Cariri registraram chuvas entre 1 e 10 milímetros. As condições climáticas quentes, secas e ventosas, características desta época do ano, têm favorecido a propagação do fogo na vegetação, resultando, em alguns casos, em eventos de incêndios florestais.
O pesquisador da Funceme, Frank Baima, alerta para a possibilidade de superestimativa nos números de focos de calor devido ao uso de dados de diferentes satélites. Ele ressalta que um único episódio de queimada pode ser detectado por vários satélites em horários de passagem distintos.
Alerta e Medidas Emergenciais
Diante desse cenário crítico, o Ceará ativou seu grupo de Contingência Estadual, um colegiado interinstitucional que monitora a situação hídrica nos municípios cearenses e adota medidas para mitigar os efeitos da estiagem. Em outubro, o grupo realizou uma reunião especial para discutir os altos índices de calor e os incêndios florestais.
O assessor especial para Assuntos Municipais da Casa Civil, Artur Bruno, ex-secretário do Meio Ambiente do Ceará, destacou a necessidade de ações emergenciais e de um plano efetivo para conter os desastres no futuro próximo. A reunião envolveu os principais órgãos estaduais e federais ligados à proteção ambiental e segurança hídrica.
