Ibiapaba FM 98,1 - Conselho de Recursos Hídricos debate cenário de El Niño no ceara

Conselho de Recursos Hídricos debate cenário de El Niño no ceara

Segundo Martins, os oceanos nunca estiveram tão quentes.


21/11/2023 09:37:55

O Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conerh), órgão que coordena e fiscaliza a execução da política de recursos hídricos, se reúne na manhã desta terça-feira, 21. Na pauta, dois temas que, desde o início do segundo semestre de 2023, estão na linha de preocupação para 2024 e sobre o que poderá acontecer nos anos seguintes: "Perspectivas das implicações do El Niño no semiárido nordestino" e a "Situação do aporte hídrico no Ceará".

Hoje, o consenso entre meteorologistas e gestores de águas é de que com o atual El Niño, fenômeno de superaquecimento da superfície do Oceano Pacífico, o próximo ano estaria se consolidando para um período de estiagem severa no Nordeste. Com isso, a recarga dos açudes cearenses deverá ser impactada na próxima quadra chuvosa, que vai de fevereiro a maio, e já nesta pré-estação, em dezembro e janeiro.

Ainda não é possível cravar como será o comportamento das chuvas de 2024. A previsão só deverá ser anunciada pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) na segunda quinzena de janeiro. Mas os prenúncios já estão lançados.

O receio, com a temperatura tão elevada na superfície dos mares, é até de que se inicie um novo ciclo prolongado de seca na região. Como foi de 2012 a 2018, com sete anos de precipitações abaixo da média, no mais longo período de estiagem registrado no Ceará. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) define como a pior seca anotada no semiárido brasileiro.

O El Niño já tem registros, em alguns recortes de pontos oceânicos e períodos, de segundo a quarto mais quentes da história. O fenômeno foi considerado muito grave em séries dos anos 1982–1983, 1997–1998 e 2015–2016. E este mais recente seria o mais parecido com o atual momento.

Na área mais a oeste do Pacífico Equatorial, está entre o segundo maior El Niño de toda a história. Na área mais centralizada, passa para o terceiro a quarto (pior)", descreve o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins. Durante a reunião do Conerh, a apresentação sobre o El Niño será feita pelo representante da Funceme.

Segundo Martins, os oceanos nunca estiveram tão quentes. As informações são de pelo menos seis modelos e sistemas de acompanhamento no globo terrestre, em séries comparadas por mês e trimestre. As águas do Atlântico Norte, que mesmo não sendo tão influentes poderiam amenizar esses efeitos, também estão muito mais quentes do que o normal e pioram os cenários projetados para 2024.

“O hemisfério norte está todo aquecido. Se isso aqui continuar, acho difícil com essa amplitude atual a gente reverter, os ventos alísios dos hemisférios norte e sul vão convergir mais ao norte. A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) vai ficar longe (do continente) e não produzirá chuvas para o Nordeste e o Ceará. É por isso que a Amazônia está na seca grande. A ZCIT está lá em cima”, detalha.


 

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