Ibiapaba FM 98,1 - Qualidade da água do Castanhão piora durante chuvas e aumenta mortandade de peixes

Qualidade da água do Castanhão piora durante chuvas e aumenta mortandade de peixes

O ponto em comum nesses períodos, segundo o especialista, é que o período chuvoso está ligado à mortandade de peixes.


29/04/2024 10:35:26

Notícias sobre o aumento do volume do Castanhão, maior e principal açude do Ceará, sempre são animadoras. Porém, além da quantidade, monitorar a qualidade das reservas também entrou no radar da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh) - e os levantamentos oficiais mostram uma degradação permanente que já gerou 11 mortandades de peixes, desde 2008.

Neste mês, a Companhia finalizou um novo estudo que dá subsídios para uma produção sustentável de pescados no maior reservatório de múltiplos usos da América Latina. O documento teve colaboração do Programa Cientista-Chefe da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Localizado em Jaguaribara, na região do Médio Jaguaribe, o Castanhão sofre com diversos fatores para a qualidade da água comuns aos reservatórios do Semiárido: temperatura mais elevada, maior tempo de estagnação da água, altas taxas de evaporação e má distribuição de chuvas no território, segundo Mário Ubirajara Gonçalves Barros, analista em Gestão de Recursos Hídricos da Cogerh.

Além de fornecer água para abastecimento humano e irrigação, o açude também é um importante polo de piscicultura na região. Por isso, desde 2008, a Cogerh iniciou o monitoramento da qualidade da água e seu chamado “estado trófico”. Nesse período, foi possível definir quatro períodos distintos:

2008-2011: com volume sempre acima de 50% e chegando a 96% em 2009, a qualidade estava “sempre boa”, ou seja, no nível oligotrófico (com baixo enriquecimento com nutrientes e elevado teor de oxigênio dissolvido);
2012-2016: com a seca prolongada, a qualidade cai para mesotrófica e; ao atingir menos de 3%, passa ao nível hipereutrófico (com elevado enriquecimento de nutrientes e baixo teor de oxigênio);
2017-2020: momento “bem crítico” para a qualidade da água, coincidindo com vários episódios de mortandade de peixes;
2021-atual: momento de “recuperação”; atualmente com volume em torno de 34%, ainda assim, há um nível entre eutrófico e hipereutrófico.
O ponto em comum nesses períodos, segundo o especialista, é que o período chuvoso está ligado à mortandade de peixes. Isso porque, com o carreamento de sedimentos e matéria orgânica, a água bruta acumulada fica mais estratificada, espessa, e com uma camada oxigenada mais curta.

“No período seco, temos uma qualidade da água melhor, com menor influência do sedimento, tendendo à desestratificação”, argumenta Ubirajara. “Ela fica mais homogênea, com menor influência dos ventos e mais estabilidade climática”.

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