Canabidiol tem efeitos positivos limitados no tratamento de TEA, revela pesquisa científica
“Precisamos de mais estudos para detectar outros efeitos que os estudos menores não encontraram”, destacou Aragão.
13/08/2025 08:25:55
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) revelou que o canabidiol (CBD) apresenta efeitos positivos, porém limitados, no tratamento dos sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A substância pode ajudar no controle do comportamento disruptivo, na redução da agitação e na ansiedade em crianças e adolescentes autistas, mas os resultados são baseados em metodologias frágeis e ainda contam com pouca evidência científica.
A análise qualitativa dos estudos clínicos disponíveis buscou mapear as evidências sobre a eficácia, tolerabilidade e efetividade do CBD no tratamento do TEA. Segundo o professor do Departamento de Medicina da Uece e coordenador do estudo, Gislei Aragão, o canabidiol é indicado principalmente para casos específicos de crianças que não respondem às medicações convencionais.
O uso do CBD foi considerado seguro para períodos curtos, geralmente entre seis meses e um ano, conforme as pesquisas analisadas. Os efeitos colaterais mais comuns incluem distúrbios do sono, irritabilidade e perda de apetite, caracterizados como leves.
Apesar dos avanços, o estudo ressalta a necessidade de ampliar e aprimorar as pesquisas, com maior rigor metodológico, amostras maiores e tempo maior de acompanhamento. “Precisamos de mais estudos para detectar outros efeitos que os estudos menores não encontraram”, destacou Aragão.
O comportamento disruptivo, que engloba desobediência, agressividade, irritabilidade e dificuldade em seguir regras, foi o sintoma em que o canabidiol apresentou maior eficácia. A melhora nesse aspecto traz tranquilidade importante para os familiares e cuidadores. Outros efeitos positivos foram observados no comportamento social, agitação psicomotora e ansiedade.
No Ceará, cerca de 66 mil crianças e adolescentes possuem diagnóstico de autismo, conforme dados do Censo do IBGE de 2022. A busca por tratamentos rápidos muitas vezes leva famílias a decisões influenciadas por informações não científicas nas redes sociais.
fonte : diariodonordeste